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Chegou a hora da… RETROSPECTIVA 2011 DO CAMINHO DOURADO

Pra quem não sabe, sempre rola um balanço do que aconteceu durante o ano aqui, aberto a todos. Acho que eu faço isso porque assim fica mais fácil concatenar as ideias.

Eu costumava fazer em tópicos, dessa vez vou fazer de outro jeito.

2010 começou em São Jorge de um jeito lindo, eu descobrindo que a vida pode ser mais simples. Aí o que houve?

. Houve um breve acidente ridículo de percurso que não tinha nada a ver com nada e eu já tratei de afogar bem afogadinho no cemitério dos cães malditos assim que me toquei que cão que ladra é na verdade um bode.

. Houve o começo de O que ali se viu. A gente (o coletivo teatro Dodecafônico) ganhou o edital do Sesi!

. Compramos umas brigas aí. Aviso: continua comprada.

. Houve Canoa Quebrada e umas feriazinhas ótimas no Rio, que eu tirei pra decidir o que eu queria.

. Aí eu (achei que) decidi o que queria. E por mim.

. A seita decidiu que não pegaria mais gente com quadril menor que o nosso. Não cumpriu.

. Aí descobri que os melhores amigos são os antigos, mas não deixei de fazer novos.

. Nesse meio tempo, me apaixonei por Gordon Matta-Clark, Queen, Led Zeppelin, camisas xadrezes, Tiê, Tulipa, “Coração” do Aviões do Forró, “Madri” de Fernando e Sorocaba, Twiggy cantando, Ana Elisa Egreja, Antonio Variações, Céline, Martin Parr, The Runaways, Yves Saint Laurent (eu já era apaixonado e apaixonei um pouco mais), smoking em geral…

. Aí eu revi umas pastas de papéis velhos. Foi difícil reencontrar comigo. Minha irmã mudou pra casa da minha mãe e eu tive que retirar o resto das coisas de lá. Foi estranho.

. Aí O que ali se viu estreou!!!

. Aí eu fui pra Berlim e percebi que estava gastando dinheiro e energia nas coisas erradas.

. Aí eu voltei pra SP e em dezembro invasões alienígenas sempre acontecem. Foi aí que me apaixonei pela Laika e fiz as pazes com cachorros.

. Aí eu resolvi que sou artista de novo, apesar de nunca ter sido.

. Aí eu cheguei no fim do ano com… METAS. Coisa que eu nunca tive.
Minhas metas são: juntar dinheiro pra viajar;
receber a herança pra viajar;
fazer yoga;
comer menos.

O resto a gente sabe fazer.

Feliz ano novo, meus amores.

Algo me diz que 2011 vai ser melhor que 2010! E olha que 2010 foi ótimo!

Como é que se diz…

… “so cute” em alemão?
Bom, provavelmente não existe a palavra “cute” em alemão, né?

Adelaide Ivánova me avisou do seu jeitinho todo Comer-Rezar-Amar de ser que eu preciso aprender alemão, entre outras coisas. É verdade.

Mas antes eu preciso do yoga. Ai, e agora?

Pisca




Pisca

Originally uploaded by Djoh

Rick e eu

Conta as 6 peças mais legais que você comprou em Berlim? Obrigadão Jorgeeeinho. te amo.

Quem é vc que me ama?? Bom, as 6 peças mais legais, sem ordem de importância: 1. um casacão cinza mescla 2. uma jaqueta preta de "couro ecológico" (adoro falar couro ecológico pq ele é fake hahaha) 3. uma bota preta de cano que vai até o meio da canela 4. um pingente no formato da torre de Alexanderplatz (bem cafona, mas que eu amei) 5. um relógio de titânio 6. uma calça resinada escura que parece couro tb — e last but not least, o smooooking estilizaaaado da H&MMMMM

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Berlim no Blog LP

Clippinzinho básico e rápido das coisinhas por lá…

. O roteirão!

. O Moda Rua no evento da Adidas

. O resultado do papinho com a Alessandra Pasquale, que aliás é uma italiana incrível!

. O lançamento da linha da Adidas

E beijos pra quem não voltou da Europa nessa semana.

Na verdade foi a primeira vez

Foi a primeira vez que verbalizei,
como se fosse uma coisa que eu falasse o tempo todo,
mas de certa forma é um dos assuntos mais tabu do momento.
É como alguém falar mal da sua mãe, ou o seu namorado dizendo que “é, você está mesmo gordinho”, ou  fazer uma piada sobre Hitler em um cômodo cheio de judeus na Alemanha.
(certo, o último item é mais tabu ainda)
Continuei a dramaturgia do “conformado”
enquanto por dentro era tudo forrado de emplastros sabiás, fósforos se acendiam em uma velocidade vertiginosa bem rente à minha retina e um filhote de raposa afiava suas pequeninas garras no meu estômago cheio preparando-se para mordê-lo com seus maravilhosos e assustadores dentinhos.

Não tenho muita certeza de nada, não sei se a imagem dele (especificamente a de jaqueta preta) me dá aflição ou ânsia, se isso é bom ou ruim mas a verdade completamente admissível é que a imagem não passa incólume. Não fico indiferente, sem dúvida não fico e

bom, eu já acho que isso é bem significativo, desculpe-me pelo oversharing.

Ele comprou muitas coisas

mas entre as mais significativas estão um pingente cafona no formato de Alexanderplatz, um relógio de titânio (ele, que nunca usou relógios), um livrinho que traz uma coletânea dos fanzines de Harmony Korine para que os anos 90 não sejam esquecidos, um livrinho que se chama What was the hipsters? para que os anos 00 não sejam esquecidos, um livrão sobre a Bauhaus em alemão que ele não vai saber ler (mas com muitas figuras)…

no fundo, as coisas mais significativas não foram as compradas.

existem viagens que servem pra esquecer, outras pra reavivar. ele ainda está tentando entender essa última. mas definitivamente ela não foi uma epifania, uma iluminação nem uma redenção.

ele pensa em chá de hortelã; no sotaque carioca de uma poeta, no sotaque estrangeiro do belga que já morou no interior de SP; em uma caixa grande e cheia de Pequenos Pôneis; na coleção de livros com discos que conta a história dos hits de cada ano da década de 50 pra cá, um livro pra cada ano, a capa do livro de 1968 era ótima e um deles trazia duas músicas brasileiras; na brasileira Valentina que está começando uma marca na Alemanha (Caminho Dourado te deseja sorte, Valentina); na mulher do Frida Kahlo falando gírias brasileiríssimas; na sopa vietnamita tão próxima de uma sopa baiana; na falta de legendas nos DVDs alemães; no currywurst que ele não experimentou; no Benjamin Blümchen e sobretudo na pobre astronauta Erika Klose, que só queria fazer um xixizinho.


ele não assistiu a obra de Fassbinder mas acha essa foto linda.

ele pensa em si.

Questionário Dourado com Ricardo Domeneck – DE BERLIM!

Era muito óbvio o fato de que Ricardo Domeneck merecia ter participado do Questionário Dourado faz tempo. Mas confesso que tinha medo de mandar o questionário pra ele por email e ele elocubrar demais. Rick é poeta, DJ e mora em Berlim. Um dos amigos que eu mais guardo no coração. E já dedicou um poema pra mim que eu considero uma das coisas mais lindas que já me escreveram – e me reconheço ao extremo, até demais, até temerosamente nos versos (tá aqui, é só procurar!). Eu vim pra cá a trabalho pelo Blog LP a convite da Adidas e, como fiquei mais dias, ele me recebeu – muito bem em sua casa. Aproveitei a minha visita à cidade agora pra fazer as perguntas ao vivo.

Portanto, com vocês, o primeiro

QUESTIONÁRIO DOURADO INTERNACIONAL COM RICARDO DOMENECK

1. Me conta uma coisa que você fazia há 5 anos e não faz mais.
Ir no Biu.

2. Me diz um filme que você gostaria de ter feito, e o porquê.
“A professora de piano”, pra poder convidar a Isabelle Huppert quando eu quisesse pra gente tomar champanhe e ver uns pornôs.


“Me dá essa taça logo, então”

3. Me diz uma coisa que você comprou e nunca usou. Por que você nunca usou?
Uma calça xadrez no Mercado Mundo Mix da qual eu me arrependi assim que pus os pés pra fora do galpão. Isso foi em 2001! Coloca que foi em 2001!

4. Qual é a fase da sua vida que você quer lembrar pra sempre?
Quando eu morava no Sobrado, com um bando de gente inteligente mas proletariado, escrevendo meu 1º livro e mais facilmente deslumbrado com as coisas.

5. Qual é a palavra que você está usando muito agora?
Banause” – que é uma expressão alemã pra cafona.

6. Me conta uma coisa muito exótica que você amava nos anos 90.
A tatuagem no braço esquerdo de Jon Bon Jovi – especialmente na perspectiva generosamente doada pelo vídeo “Keep the faith”.

7. Me fala o que te faz rir muito, e o porquê.
Qualquer tipo de humor autodepreciativo.

8. Que personagem de novela você gostaria de ser? Por quê?
Viúva Porcina, porque é o mais perto que o Brasil já chegou de Almodóvar.


Vamos pular a parte que a gente imagina o Rick de turbante e batom.

9. Me diz um defeito seu e um defeito meu.
Quando dois amigos meus que me tinham como elo passam a ter um relacionamento independente de mim, a minha primeira reação incontrolável é a ofensa. O seu: na 1ª semana de julho de 2001, eu costumava achar você um pouquinho judgementhal (a Carrie já disse isso pra Miranda).

10. Qual é a música mais linda que você já ouviu?
Vou dizer a 1ª que me veio na cabeça, sem pensar muito. “Rising”, da Lhasa de Sela.



VISITA O RICK!

Interesses

Me interessam a chegada do homem à lua,
a letra que significa ss mas não se parece com um ss,
o museu dedicado ao presidente Kennedy,
o jeito como aquele menino de 4 anos tropeçou e reclamou,
os cavalinhos que estavam de bunda e viraram de frente,
as lojas de fast fashion e suas inacreditáveis ofertas,
o fato da C&A se falar cunda e vender a marca Angelo Litrico,
a quantidade de folhas caídas pelo chão,
a quantidade de frutos do mar que comi até agora,
o refrigerante orgânico,
o fato de que talvez várias pessoas nesse trem não estejam pagando a passagem,
o filme de Almodóvar em que Berlim aparece,
aquela loja – estou passando na frente dela praticamente todos os dias e nunca entro – e
o sol, quando ele aparece,
os preços,
o menu do McDonald’s (gosto de comparar e ver as diferenças),
o gosto pela música eletrônica que eles têm,
o gosto por comida vietnamita que eles têm,
a pronúncia aproximada de “sweeter” e “suíta”,
a minha pronúncia inadequada de praticamente tudo (eu digo inválidenshtrasse e o taxista me corrige invalídenshtrasse, ele diz goodbye e eu digo hello),
os narizes,
a adaptação ao frio,
os tamanhos diferentes das cédulas,
o chocolate com embalagem que imita as cédulas,
o gosto das coisas,
a quantidade de estrangeiros,
o gestual das bichas na boate extremamente similar ao gestual das bichas na boate paulistana,
as rugas de Michael Stipe,
a quantidade de coisas pra se ver na estação central de trem,
a quantidade de coisas pra se ver em todos os lugares,
a pele branquíssima, branquérrima, extrema e surpreendentemente mais branca que a minha
e os músculos da sua perna.

De onde você tirou esses músculos todos, Claudia Raia?